16 outubro 2014

Resenha - Under The Dome: 2ª temporada


Stephen King é responsável por boa parte do que se conhece de sci-fi pop americano. Obras literárias como Carrie, a Estanha e O Iluminado, de sua autoria, viraram grandes filmes, principalmente por dois motivos. O primeiro é que suas narrativas são sempre permeadas de metáforas sociais, que são transportadas para o que vem a ser o elemento sobrenatural ou de horror do elemento central da história. O segundo é que ele sempre se envolve no projeto cinematográfico de forma expressiva. Não é diferente em Under The Dome. A série, cuja segunda temporada foi exibida pela CBS, narra a história de uma cidade do interior dos EUA que é isolada por uma redoma, de origem e composição desconhecida. O funcionamento da narrativa segue bem à primeira regra, já que, para continuarem vivos, os moradores da cidade vão ter que reconstruir conceitos de sociedade e até de ecologia, quase como se a redoma formasse um mundo em miniatura, com consequências dos atos humanos muito mais instantâneas. A segunda também é válida: Stephen tem dedos, mãos e cabeça enfiados no projeto, chegando a escrever episódios inteiros dessa temporada. E isso é uma pena: não dá pra dizer que ele não teve controle do que está sendo construído.

Com um plot central tão promissor, Under The Dome acaba sendo o que se espera de uma série do seu gênero, provavelmente inferior, inclusive. Nomes como Stephen King e Steven Spielberg se acumulam na produção da série, e devem enganar a quem achar que são sinônimos de uma boa produção. Aqui, eles fazem apenas o que sabem fazer de melhor: um sucesso comercial. Under The Dome tem uma audiência grande e estável em seu horário, o que é ótimo para a CBS, mas para isso tende sempre a criar histórias pouco inovadoras para um público que já sabe o que esperar, mesmo se tratando de uma série sobre fenômenos misteriosos.

Desde Lost esse tipo de série é quase obrigatória na TV americana e segue bem a modelos já preestabelecidos. Nada de errado, desde que sejam feitos com qualidade. Os ganchos, que deveriam ser a principal ferramente desse tipo de programa, são aleatórios e por vezes até abruptos ou repetitivos, dando a sensação que eles não foram sequer pensados. O roteiro todo, aliás, é sofrível. Os personagens, cuja inconstância podiam ser um ponto forte do mistério, caem facilmente no esteriótipo já preestabelecido na temporada anterior, e quando mudam de personalidade é apenas para se encaixarem em algum papel de vilão ou herói do momento que precisa ser preenchido. Os diálogos não consegue aprofundá-los, e acabam sendo ou um grande falatório sentimental e místico sobre "o que a redoma quer ou não" - sim, aparentemente ela tem uma personalidade na série, a única desenvolvida, talvez.

O que resta de aspectos não negativos de Under The Dome não chegam a ser aspectos positivos, mas apenas OK, regulares. A série não acrescenta nada à gama de séries transgressoras que temos nesse momento da TV, e sua função é apenas fornecer entretenimento para o espectador que só quer distração e para a rede de TV que só quer reter o que ainda resta de público. Quase uma novela.